História da
Índia Primitiva
A cultura e o
nível de desenvolvimento das tribos dravídicas correspondem grosso modo aos da
sociedade sumero-acádica. A população dedicava-se ao cultivo de terras
irrigadas e à criação de gado. As searas mais comuns eram de trigo e cevada, e
os animais domésticos eram o carneiro, o porco e o búfalo. Cedo, porém, foram
domesticados camelos e elefantes.
As ruínas dos
grandes palácios de Mohenjo-Daro e de Harappa, que eram obviamente palácios
reais, dão testemunho da existência de um poder de estado na sociedade
dravídica, o que não quer dizer que então a Índia fosse um reino unificado,
pois estava dividida numa série de pequenos reinos e principados. A julgar
pelos bairros habitados pela nobreza e pelos pobres, já havia diferenças
sociais baseadas na propriedade e uma forma embrionária de sociedade de
classes. A existência de escrita revela, também, um nível de desenvolvimento
bastante avançado.
A Conquista
Ariana
Durante a primeira
metade do segundo milénio, tribos arianas invadiram o Norte da Índia vindas das
estepes da Ásia Central.
Os arianos estavam
muito menos avançados económica e culturalmente do que os Dravídicos. Eram nove
as tribos arianas, de que a mais importante era a tribo Bharata. O chefe de
cada tribo chamava-se rajá e um grupo de tribos era governado por um marajá.
Os arianos eram
pastores nómadas. A sua principal fonte de riqueza era o gado, e utilizavam as
vacas como valor de troca, visto que a moeda ainda não existia. Contudo, os
arianos que invadiram a Índia assimilaram desde logo a superior cultura
dravídica e começaram a dedicar-se à agricultura sedentária. Da população
dravídica, uma parte foi eliminada, a outra foi reduzida à escravatura ou à
servidão e era tratada com extrema crueldade e desprezo.
Uma outra
característica, além do sistema de castas, distinguia a antiga civilização da
Índia: as comunas de aldeias nunca mudaram durante muitos séculos. Embora
existissem nas comunidades terras pertencentes a várias famílias, e, portanto,
propriedade privada da terra, de um modo geral eram dirigidas na base de uma
economia natural. A estrutura das comunas e o seu governo obedeciam sempre ao
mesmo padrão: cada comuna tinha o seu ancião, trabalhadores que se encarregavam
do cultivo da terra, um ferreiro, um carpinteiro, um oleiro, um barbeiro e o
indispensável sacerdote brâmane.
A escravatura,
embora muito espalhada na Índia, era geralmente doméstica, patriarcal. Os
arianos escravizados por dívidas só o podiam ser temporariamente e, por isso,
até eram permitidos casamentos entre escravos arianos e homens ou mulheres
livres, desde que, é claro, pertencessem à mesma casta.
A Antiga
Religião e a Antiga Cultura da Índia
O dogma básico do
bramanismo era a crença em três deuses — Brama, criador do mundo, Vishnu, o
deus do Bem, e Shiva, o deus do Mal, os quais firmavam a grande tríade
(trimurti). O desenvolvimento desta religião acompanhou de muito perto a
consolidação do poder da casta dos sacerdotes brâmanes, os únicos que tinham o
direito de interpretar livros sagrados ou Vedas. As práticas rituais desta
religião eram muito complicadas e estabeleciam, inclusive, os mínimos
pormenores, como por exemplo qual devia ser o corte e o comprimento do cabelo
dos fiéis.
A antiga
civilização da Índia foi muito avançada. Já no século III a.C. existiam várias
escritas silábicas. Obras notáveis de poesia épica, tais como o famoso
Mahabharata (descrição da luta entre os filhos de Bharata) e o Ramayana
(descrição das proezas do herói lendário Rama), chegaram até nós. A antiga
arquitetura indiana também é notável, por exemplo os surpreendentes templos
budistas talhados nas rochas, obras que abundam em linhas curvas e padrões
geométricos.
Os antigos
Indianos também conheciam os princípios básicos da Matemática, da Astronomia e
da Medicina. Elaboraram um calendário que dividia o ano em doze meses de trinta
dias, e acrescentavam mais um mês no fim de cada cinco anos. Conservaram-se até
hoje tratados de medicina que revelam conhecimentos dos princípios da anatomia
e capacidade de usar várias ervas medicinais.
A Antiga
China
Condições Naturais
A China difere dos
países do Médio Oriente ainda mais do que a Índia no que se refere às condições
naturais. A China pode dividir-se em três regiões claramente definidas:
1. o vale do rio Amarelo ou grande
planície da China;
2. a China Central que é composta de
regiões montanhosas e do vale do Yangtzé;
3. o Sul da China, montanhoso.
As cheias anuais
do rio Amarelo tornam a planície chinesa extremamente fértil. O solo da China
Central e particularmente da China do Sul é muito menos fértil, mas estas
regiões são ricas em recursos minerais (cobre, estanho e chumbo) e pedras de
valor tais como a nefrite. A população da China Antiga era extremamente
heterogénea.
A China nos Tempos
Primitivos
O primeiro período
da história chinesa chama-se período Chang-Yin (1765-1122 a.C.). A unificação
das tribos chinesas da bacia do rio Amarelo com o objetivo de travar uma luta
comum contra os nómadas do Norte, os Hsiung Nu, e de desenvolver o sistema de
irrigação que existia deu origem a uma brilhante cultura sedentária e mais
tarde a todo um estado. Os principais instigadores desta unificação foram as
tribos yin e que fundaram o Estado Chang, que tomou o nome da dinastia.
Escavações feitas
por volta de 1930 no território do Estado Chang trouxeram à luz do dia restos
de uma antiga cidade, com um palácio real, um templo, casas e oficinas. Foram
desenterrados mais de trezentos túmulos, sendo quatro deles indiscutivelmente
túmulos reais, que continham enorme quantidade de ouro, nefrite e ornamentos de
madrepérola.
Desenvolviam-se,
entretanto, ofícios vários: a carpintaria (arcos, setas, carros de guerra,
barcos), o trabalho em pedra e a cerâmica. As escavações dão ainda testemunho
de trabalhos primitivos em bronze. Nesta altura, já se praticava o comércio,
que se estava a desenvolver rapidamente, mas ainda sob a forma de troca de
produtos.
O poder real tinha
ainda características feudais, dado que o rei era assistido por um conselho do
clã ou pelos anciãos da tribo, e aliava as funções de chefe militar e de
sumo-sacerdote.
Na sociedade Yin
havia uma hierarquia de propriedade claramente definida e também uma nobreza
hereditária, em cujas mãos estavam concentrados a terra e os escravos. A
escravatura era de tipo patriarcal. A grande massa da população era composta de
camponeses que viviam em comunas. Foi neste período que apareceu a linguagem
escrita. Os caracteres vinham evoluindo de uma primitiva escrita figurativa e a
escrita era extremamente complicada: foram identificados cerca de três mil
sinais desta antiga escrita.
No século XII a.C.
começaram longas e amargas hostilidades com as tribos Tchou, que acabaram por
conquistar a capital Chang (1124) e fundar o seu próprio estado.
A Religião e
a Cultura da Antiga China
A primitiva
religião praticada na China estava ligada ao culto da natureza, em particular
ao culto da terra e das montanhas, mas as concepções religiosas tornaram-se
cada vez mais complexas. O confucionismo só apareceu durante os séculos VI e V
a.C. O fundador desta religião, Confúcio, tinha sido um alto oficial na corte
de um príncipe. A lealdade à tradição e aos costumes dos antigos e a
desconfiança em relação a qualquer inovação eram os traços mais característicos
dos seus ensinamentos religiosos e filosóficos. Confúcio idealizou a monarquia
patriarcal e o código moral da família patriarcal. Atribuía uma enorme
importância à educação moral e pedia moderação e aceitação do destino.
A ciência e a
filosofia desenvolveram-se muito na antiga China. Filósofo notável, foi Wang
Chung (século I d.C.) que defendia vários princípios materialistas (entre
outras coisas negava a imortalidade da alma). Fizeram-se importantes progressos
na astronomia: elaboraram-se mapas do céu e faziam-se previsões dos eclipses e
do aparecimento dos cometas. Os matemáticos chineses estabeleceram as
propriedades do triângulo retângulo. Também chegaram até nós tratados
geográficos e agronómicos de interesse. Os antigos chineses inventaram ainda a
pólvora, o papel, o compasso e o sismógrafo.
Finalmente, devem
mencionar-se as notáveis realizações da antiga China na arte e nos ofícios, no
artesanato da porcelana, do bronze, da madeira e do marfim.
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