Fonte confiáveis para pesquisa e utilizados nestes texto:
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https://www.sohistoria.com.br/ef2/guerrafria/
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https://www.educabras.com/enem/materia/historia/historia_geral/aulas/fim_da_guerra_fria
A União Soviética foi
um estado socialista que existiu de 1922 a 1991. O país foi frequente e
incorretamente chamado de Rússia, devido ao fato de esse país ser o líder dessa
união de estados socialistas. A União Soviética foi o maior país do mundo em
área, chegando a ter 22,4 milhões de quilômetros quadrados. Essa extensão
territorial é até maior que toda a América do Sul; corresponde a um sexto das
áreas continentais do globo terrestre.
A Desunião Soviética
Ao final da década de
1970, a União Soviética passou a enfrentar sérias dificuldades internas:
diminuição do ritmo de crescimento econômico, desabastecimento em função de
safras insuficientes e reduzida quantidade e qualidade de produtos de
indústrias de bens de consumo. O país era incapaz de atender às exigências de
seu próprio mercado.
Devido à estagnação e
crise que, pouco a pouco, foram se agravando, Mikhail Gorbatchev, eleito
Secretário-Geral do Partido Comunista soviético em 1985, iniciou a perestroika -
a reestruturação econômica - que tinha como propósito solucionar os problemas
econômicos da União Soviética por meio de uma liberalização controlada da
economia e, posteriormente, pela adoção da economia de mercado. Assim, empresas
estatais foram privatizadas e transnacionais puderam se instalar no país,
iniciando uma nova fase na política econômica soviética.
A chegada de
Gorbatchev ao poder, em 1985, representou uma reviravolta drástica nas
políticas externa e interna do império vermelho. O lançamento da glasnost (abertura
política) e da perestroika (reestruturação econômica) e a
estratégia externa voltada para o encerramento da Guerra Fria assinalavam os
limites do fôlego da União Soviética.
A glasnost consistia
em eliminar os aspectos mais repressivos do autoritarismo soviético. Visava a
implantar liberdades democráticas e encerrar a Guerra Fria ao estabelecer melhores
relações com o Mundo Ocidental. Já a perestroika objetivava
modernizar a economia soviética.
O crescimento da
economia soviética estancou na década de 1980, depois de ratear durante o final
da década de 1970. O modelo econômico estadista, baseado na centralização dos
meios de produção e na planificação geral da economia, tinha alcançado os
limites de sua capacidade. A União Soviética exibia desequilíbrios
macroeconômicos graves, reflexos dos contrastes entre o setor militar e o setor
civil e entre a cidade e o campo. A produtividade do trabalho encontrava-se em
um nível muito baixo, incompatível com as necessidades de uma potência militar
de primeira linha.
O ousado projeto
reformista de Gorbatchev visava a transformar os fundamentos econômicos da União
Soviética, introduzindo paulatinamente a concorrência e injetando capital e
tecnologias do Ocidente. A economia de mercado, prevista para conviver com a
economia estatizada, deveria forçar a elevação da produtividade e da eficiência
do trabalho.
Ao mesmo tempo, a
abertura política constituía uma estratégia direcionada para a criação de novas
instituições de poder, oriundas da sociedade e não do aparelho de Estado ou do
Partido Comunista. A legitimidade política que a glasnost deveria
criar serviria para gerar uma base social de apoio para as reformas de
Gorbatchev. Só assim seria possível enfrentar e derrotar a oposição
conservadora do aparato burocrático comunista.
Iniciadas as
reformas, estas ganharam um ritmo próprio, frequentemente fugindo ao controle
dos seus inspiradores. O sistema de partido único não poderia conviver com a
liberdade política crescente. O totalitarismo não admite restrições ao
exercício de poder absoluto. O conflito entre as velhas instituições e a glasnost deu
origem a um frágil equilíbrio, no qual a equipe de Gorbatchev representava o
elo entre o velho e o novo. O império vermelho entrava em decomposição.
Gorbatchev enfrentou
grandes desafios na implantação das reformas. A perda dos benefícios sociais
provocada pela transição de uma economia centralizada para uma economia de
mercado irritou a população soviética que, progressivamente, foi deixando de
apoiar o governo. Foram surgindo movimentos populares que provocaram a queda do
socialismo em "países satélites" do leste europeu. Deve-se levar em
conta que a diversidade étnica da União Soviética provocava levantes e ambições
nacionalistas, principalmente quando se tornou claro que o império socialista
havia perdido muito de seu poder.
Em agosto de 1991,
socialistas mais ortodoxos tentaram um golpe de estado contra o governo de
Gorbatchev. Essa tentativa de golpe ocorreu em 18 de agosto, precisamente na
véspera da data prevista para a assinatura do novo Tratado da União, um acordo
que converteria a União Soviética em uma federação de repúblicas independentes
com um único presidente e com uma única política militar e externa. Os
socialistas ortodoxos acreditavam que sua ação golpista preservaria a unidade
territorial e política do império. Ironicamente, a tentativa de golpe resultou
na aceleração da desintegração do Estado soviético, pois causou com que fosse
desmanchado o acordo moderado que Gorbatchev havia negociado para preservar a
União Soviética.
Gorbatchev
No dia 21 de agosto,
os organizadores do golpe foram presos. Gorbatchev voltou a ser presidente da
União Soviética, mas seus poderes haviam sido debilitados. Na resistência a
essa solução golpista, destacou-se Boris Yeltsin, então presidente
da República Socialista Soviética da Rússia.
A decomposição do império soviético
O império dos czares
foi um império colonial. Como outros impérios, subordinou nações e povos de
variadas origens históricas e culturais, impondo-se pela força militar e
econômica.
O império dos czares
não deve ser comparado aos impérios britânico e francês, pois, diferentemente
destes, a Rússia alastrou o seu domínio sobre um território contínuo. Sob esse
aspecto, o Império Russo se assemelha aos Impérios Austro-Húngaro e Turco.
Contudo, o advento da
União Soviética assinalou uma diferença crucial da evolução histórica. O novo
império vermelho, liderado pela Rússia, congelou o processo de descolonização
que ocorria em outras partes do mundo. Após a Segunda Guerra Mundial, o Império
Britânico se despedaçava enquanto o império vermelho retinha a unidade
territorial estabelecida nos séculos anteriores. Dessa forma, a União Soviética
tornou-se a descendente legítima da Grande Rússia.
O desaparecimento da
União Soviética, acelerado pelo fracasso do golpe de agosto de 1991, destruiu
os fundamentos territoriais do império vermelho. Quando as engrenagens do
partido único do Estado soviético - vértice centralizador e centro absoluto de
poder - entraram em dissolução, a unidade territorial foi rompida subitamente.
As repúblicas soviéticas, cujos povos haviam sido subjugados e reprimidos por
décadas de sistema totalitário, aproveitaram o enfraquecimento da União
Soviética para se tornarem independentes. Havia chegada a hora da decomposição
territorial do império vermelho. Uma depois da outra, as repúblicas declararam
a soberania ou a independência. Do Báltico ao Cáucaso e à Ásia Central, como
num jogo de dominó, as peças que formavam o Estado multinacional soviético
embarcaram num movimento de ruptura e separação. As repúblicas bálticas
(Lituânia, Letônia e Estônia) conseguiram o reconhecimento da sua independência
pelo Ocidente e pela própria ex-União Soviética e ganharam lugares na ONU.
Iniciaram-se complexas negociações visando à formação de uma nova União. Os
velhos mapas escolares envelheceram e os cartógrafos puseram-se a trabalhar em
mapas novos e no desenho de novas fronteiras.
Em julho de 1990, o
Parlamento da Ucrânia proclamou a soberania da República, confirmada por
eleições populares em dezembro de 1991.
Em 1990, a Lituânia
declarou independência da União Soviética. Em agosto de 1991, a Letônia e a
Estônia seguiram o exemplo. As 12 outras repúblicas discutiam um novo modelo,
mais flexível para a União.
Com o colapso da
União Soviética, a Bielorrússia proclamou sua independência em 1991.
Em dezembro de 1991,
a Rússia, a Ucrânia e Bielorrússia fundaram a Comunidade dos Estados
Independentes. Os presidentes desses países assinaram um acordo, declarando a
União Soviética dissolvida e o estabelecimento da Comunidade dos
Estados Independentes (CEI). No dia 21 de dezembro de 1991, os
presidentes de todas as outras repúblicas, exceto os três Estados bálticos
(Estônia, Letônia e Lituânia) e a Geórgia, onde ocorria uma guerra civil,
adentraram a CEI.
No dia 25 de
dezembro, Gorbachev anunciou sua aceitação da decomposição territorial do
império vermelho e renunciou como presidente da União Soviética, declarando o
cargo inexistente.
Comunidade dos Estados Independentes
Desde sua fundação, a
Comunidade dos Estados Independentes (CEI) vem tentando se definir. A
organização não é um único país, mas também é mais que uma comunidade de nações
ligadas por motivos econômicos, pois conta com uma Força Armada centralizada e
utiliza uma moeda comum - o rublo. A Rússia, que foi o núcleo da União
Soviética, continua a liderar as demais unidades da agora extinta Federação.
A CEI é uma
organização ainda frágil: há divergências sobre o controle do arsenal nuclear
da ex-União Soviética e sobre a ratificação do Tratado Stuart, um acordo de
desarmamento, que a União Soviética assinou com os Estados Unidos em julho de
1991.
A Rússia, Ucrânia e
Bielorrússia eram as mais importantes repúblicas da ex-União Soviética. A
Rússia responde por, no mínimo, 70% da produção agrícola e industrial da
ex-União Soviética e 80% da produção de petróleo. Já a Ucrânia, com 52 milhões
de habitantes, dispõe das terras mais férteis da ex-União Soviética e lidera a
produção de carvão. A Bielorrússia, com 10 milhões de habitantes, é um
importante centro agropecuário e industrial.
A Rússia ainda possui
mais de 80% das armas nucleares da antiga União Soviética. Na Ucrânia, há 176
mísseis estratégicos. A Bielorrússia também possui parte do arsenal atômico da
antiga União Soviética.
O fim do comunismo na Rússia
A formação da
Comunidade dos Estados Independentes (CEI) foi um acontecimento político de
importância imensurável. A União Soviética, o império que ameaçou os Estados
Unidos e outras nações ocidentais capitalistas, chegou ao fim.
Com a queda da União
Soviética, que ocorreu em dezembro de 1991, a Federação Russa se tornou um país
independente. A Rússia era a maior de 15 repúblicas que constituíam a União
Soviética: era responsável por 60% do PIB e mais da metade da população da
União Soviética. Os russos também dominavam as forças armadas soviéticas e o
Partido Comunista. Portanto, a Rússia foi aceita como a sucessora da União
Soviética em questões diplomáticas. O país tomou o lugar da ex-União Soviética
como membro permanente, tendo poder de veto, no Conselho de Segurança das
Nações Unidas.
Apesar desse
prestígio internacional, a Rússia, após a queda da União Soviética, havia
perdido o poder político e militar que tanto havia assustado o Ocidente. Apesar
de ser a maior e mais populosa nação entre os ex-membros da União Soviética, a
Rússia, agora líder da CEI, se defrontou com tantos problemas políticos e
econômicos, que deixou de ser uma superpotência. Isto alterou o cenário
geopolítico do mundo. O mundo não mais estava dividido entre o Ocidente,
liderado pelos Estados Unidos, e o Oriente, liderado pela União Soviética.
Um novo presidente russo: Boris Yeltsin
Antes da dissolução
da União Soviética, Boris Yeltsin foi eleito presidente da Rússia, em junho de
1991, na primeira eleição direta para presidente na história do país. Em
outubro de 1991, Yeltsin anunciou que a Rússia adotaria reformas econômicas
radicais. A Rússia abandonava o socialismo a favor do capitalismo.
Boris Yeltsin
governou durante os anos 1991-1999. Ele foi apoiado pelos Estados Unidos e por
outros países capitalistas do Ocidente, pois demonstrou ser um reformista determinado
a fazer com que a Rússia adotasse uma economia de mercado.
Em setembro de 1993,
Yeltsin tomou a medida autoritária de fechar o Parlamento russo. O principal
motivo disto foi que o Parlamento russo, formado principalmente por comunistas
da época de Gorbatchev, vetava as tentativas de Yeltsin de reformar a economia
russa. A Constituição do país, criada em 1978 e herança da União Soviética, era
mais um impedimento para o projeto de reformas econômicas de Yeltsin. A
concepção de Yeltsin a respeito da presidência era altamente autocrata.
Em dezembro de 1993,
Yeltsin, conforme prometido, convocou eleições, mas ele não foi muito bem nas
urnas. O partido ultranacionalista russo (Partido Liberal Democrático),
liderado Vladimir Zhirinovski, obteve várias cadeiras no novo Parlamento russo.
Mesmo assim, Yeltsin conseguiu aprovar em plebiscito uma nova Constituição que
criava um forte sistema presidencialista na Rússia e que lhe dava ainda mais
poderes.
Mas não era apenas
dentro da Rússia que o novo governo enfrentava grandes desafios. O movimento
separatista na Chechênia surgiu de forma violenta e o exército russo não estava
conseguindo controlar as revoltas.
Desmantelando o socialismo: uma transição difícil para a Rússia
Migrar a maior
economia centralizada para uma economia de mercado seria um grande desafio
independente da política econômica escolhida. As políticas econômicas
escolhidas foram: liberalização, estabilização e privatização. Essas políticas
eram baseadas nos ideais neoliberais do Fundo Monetário, do Banco Mundial e do
governo americano.
A Rússia sofreu com
inflação, recessão, desemprego, falência de empresas, uma queda generalizada de
produção e consumo e um empobrecimento da população.
A "Terapia de
Choque" introduzida por Boris Yeltsin se iniciou no dia 2 de janeiro de
1992. Yeltsin ordenou a liberalização do comércio exterior e dos preços - até
então controlados pelo Estado - e da moeda. Yeltsin cortou subsídios para as
indústrias e fazendas controladas pelo Estado.
A liberalização dos
preços acentuou a hiperinflação - o Banco Central estava emitindo dinheiro para
financiar a sua dívida - e causou a falência de grande parte da indústria
russa. A liberalização de preços significa o empobrecimento da camada idosa da
população e de todos aqueles que recebiam salários fixos. Em muito pouco tempo,
o padrão de vida de muitos russos caiu drasticamente.
A inflação galopante,
consequência da liberalização da economia, fez necessário uma dura política de
estabilização. O governo aumentou a taxa de juros, cortou gastos e subsídios à
indústria e aumentou impostos. Essa política econômica levou mais indústrias à
falência e levou o país a uma depressão econômica.
As mudanças
econômicas na Rússia foram acompanhadas por mudanças políticas. Estas afetaram
ainda mais a economia do país. Durante a Guerra Fria, a União Soviética
dedicava um quarto de seu PIB para sua indústria militar e empregava 20% da
população adulta. Com o final da Guerra Fria, não era mais necessário se
investir tanto na indústria militar. Isto significava que grande parte da mão
de obra russa se encontraria desempregada e teria que ser absorvida por outras
indústrias. Porém, novos mercados ainda não haviam se desenvolvido para
absorver tantos trabalhadores. A indústria russa, até então distribuída em
regiões monoindustriais, precisava se modernizar e diversificar. Outro fator
agravante era que nem os administradores nem os trabalhadores tinham
experiência e conhecimento de como funcionava uma economia de mercado. Como
consequência, o PIB russo caiu mais que 50%. Essa queda levou a uma altíssima
taxa de desemprego. Simultaneamente, para piorar a situação da população russa,
o Estado não tinha os recursos para sustentar seu sistema de previdência e
assistência social.
A crise causada pela
transição econômica era grave. Como consequência, aumentaram as taxas de crime
e a corrupção. A Rússia passava por um período delicado, migrando de uma
economia centralizada para uma economia de mercado. Grandes foram as
dificuldades que o país enfrentava. Enquanto isso, a saúde e a popularidade do
presidente Yeltsin deterioravam.
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