Fonte do texto: https://galoa.com.br/blog/por-que-fazer-uma-iniciacao-cientifica
Por que fazer uma iniciação científica?
Entrou na universidade e ouve pelos corredores os colegas e professores
comentando sobre a importância em fazer uma iniciação científica, mas não
entende o motivo? Então este texto é para você! Vamos comentar alguns pontos
importantes para quem está ponderando se vale a pena começar ou continuar a
investir seu tempo e dedicação em uma iniciação científica. A iniciação
científica (IC) é uma experiência que normalmente ocorre durante uma graduação,
permitindo que os estudantes passem por um processo de aprendizado focado para
uma linha científica da sua área, com metodologias e construção de soluções ou
respostas para uma questão. Segundo artigo de Luciana Massi e Salete Queiroz
publicado em 2010 na revista científica “Cadernos de
Pesquisa”, existia a preocupação em romper com a divisão entre
ensino e pesquisa durante a graduação no Brasil, na qual os alunos teriam
acesso somente às salas de aula em suas rotinas. Assim, o incentivo à iniciação
científica surgiu como a possibilidade de minimizar essa divisão e também unir
a teoria com a prática e a graduação com a pós-graduação. Caso queira saber
mais sobre o que é, como começar uma pesquisa na graduação ou quais são as
agências de fomento que oferecem bolsas de iniciação científica, sugiro que leia
este texto que publicamos focado nisso.
Vantagens ao fazer uma iniciação científica
Usando como base o artigo de revisão sobre a
iniciação científica no Brasil realizado por Luciana Massi, pós-doutoranda da
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP), e Salete Queiroz,
professora do Instituto de Química da USP de São Carlos, vamos apresentar
algumas das vantagens de se investir em uma IC na graduação.
Iniciação científica
aumenta o desempenho acadêmico
Segundo a revisão realizada pelas autoras
sobre a iniciação científica, a maioria das pesquisas destacam que os bolsistas
de IC, ou seja, quem consegue manter dedicação exclusiva com incentivo à
pesquisa, apresentam os melhores coeficientes de rendimento de suas turmas
durante a graduação.
Mesmo que em muitas avaliações para obter a
bolsa conste como pré-requisito um bom desempenho acadêmico, a revisão
apresenta o argumento de que os alunos de iniciação também conseguem
desenvolver novas formas de aprendizado durante a pesquisa, unindo as pontas
entre pesquisa e ensino.
A revisão ainda destaca que esse novo
ambiente acaba motivando mais os alunos a também se dedicarem nos estudos em
sala de aula, já que eles aprenderam formas dinâmicas e diversificadas de estudo,
além de reconhecer que as disciplinas podem colaborar em novos caminhos na
pesquisa.
No levantamento de Massi e Queiroz, elas
relatam que há descontentamento entre alunos de graduação sobre seus cursos
devido ao excesso de conteúdo sem muita visão sobre seus “significados” ou usos
na profissão, além da maioria das aulas serem expositivas. Ao iniciar uma IC,
muitos alunos têm contato com laboratórios ou com um formato diferente de
aprendizado que permite o aumento de motivação em seus cursos também.
O desenvolvimento
pessoal e profissional gerado pela IC
A maioria das pessoas associam a iniciação
científica como um caminho a ser seguido somente para aqueles que têm pretensão
de seguir carreira acadêmica, o que não é bem verdade.
No sentido acadêmico, realmente parece que o
aluno que realiza IC tem mais chances de ingressar em um mestrado e doutorado,
tanto que existem estudos do MCTIC
apontando que o aluno de IC tem mais chances de concluir uma pós-graduação do
que o colega que não teve a vivência, justamente por ter uma experiência prévia
em pesquisa. Porém, os conhecimentos adquiridos também são úteis para quem for
atuar direto no mercado de trabalho tradicional, que também exige criatividade,
dinamismo e raciocínio rápido para encontrar soluções a diferentes problemas.
Nessa mesma linha, a revisão usada como base
neste texto apresenta estudos indicando que a IC permite o amadurecimento do
pensamento crítico, autonomia, criatividade e senso de responsabilidade no
aluno, sendo contribuições importantes tanto no aspecto pessoal quanto
profissional, mesmo que o aluno não siga a carreira acadêmica.
Isso acontece porque, ao desenvolver um
projeto, o aluno de IC precisa dar retorno das atividades que estão sendo
feitas e dos resultados parciais e finais dentro dos prazos, sendo necessário
organização para construir suas descobertas e análises.
A exposição dos resultados das atividades
também pode motivar e dar segurança aos alunos, visto que a participação de
congressos e encontros acadêmicos demanda debates públicos entre os
participantes, conforme relatam Massi e Queiroz: “a
atividade promove a autovalorização e autoestima do bolsista,‘reconhecida por
ele, no olhar do outro, projetada no outro’.”
Por isso que muitos programas com bolsas
PIBIC ou PIBITI ou de outras agências de fomento exigem a apresentação dos
resultados em encontros acadêmicos, sendo um estimulante que os trabalhos
também sejam publicados em anais de eventos, como ocorre no Congresso de
Iniciação Científica da Unicamp.
Nova visão sobre o
que é ciência e socialização por meio da IC
Ao realizar qualquer atividade, acabamos com
mais experiência e conhecimento sobre o assunto. O mesmo acontece na iniciação
científica. Com a proximidade da produção acadêmica, o aluno de graduação
quebra diversos misticismos sobre o que é produzir ciência, a rotina e demandas
exigidas.
Essa nova visão também permite que muitos
alunos passem a questionar mais os resultados e o que acontece ao seu redor,
terminando o curso com uma noção mais completa do que é a sua área.
Outro ponto importante é que em muitos casos,
os alunos de iniciação científica participam de grupos de estudos e pesquisas
em laboratórios que exigem o trabalho e debates em equipe, sendo um caminho
para a socialização profissional, seja para o meio acadêmico ou não. São as
redes de contato que se firmam quando o aluno tem o privilégio de poder
participar de mais atividades durante a graduação.
Dependendo de como os grupos de estudos se
articulam, é possível que esse contato se dê com outros professores do
departamento, colegas de diferentes cursos, além de pós-graduandos.
A socialização e networking também ocorre
quando o aluno de IC tem a oportunidade de participar de congressos e encontros
acadêmicos, firmando vínculos com outras instituições, colegas e professores
que podem contribuir com sua pesquisa e, quem sabe, em novas oportunidades.
Possibilidade de
bolsa de IC durante a graduação
A melhor experiência durante uma iniciação
científica é aquela que permite o aluno a participar do máximo de atividades
relacionadas ao seu projeto, que vão desde reuniões em grupos de estudos até
participação em congressos e publicação em anais de eventos. Mas essas
atividades demandam tempo e investimento que muitos alunos não conseguem
realizar sem apoio financeiro.
Para que essa experiência possa acontecer, é
possível realizar uma IC com bolsa, sendo que na maioria dos casos (se não em
todos) é exigido dedicação exclusiva para usufruir o benefício, ou seja, o
aluno não pode estagiar, trabalhar ou receber bolsa de outro projeto de
extensão, ensino ou pesquisa enquanto estiver vigorando o incentivo ao seu
projeto de iniciação científica.
O Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação Científica (PIBIC) ou o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) são os maiores e têm
abrangência nacional, já que são gerenciados pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
As bolsas estão no valor de R$400,00 (até o fechamento deste texto) e as chamadas públicas para se
candidatar aos processos de seleção costumam acontecer somente uma vez ao ano,
então é importante se organizar para fechar o projeto final com um professor
orientador autorizado dentro do prazo.
Outras agências de fomento e parcerias que a
universidade firma (empresas, por exemplo) também oferecem bolsas, como as
FAPs de cada estado brasileiro, confira as possibilidades com
seus professores e instituição que está matriculado, pois os processos e
valores costumam variar, a bolsa de IC da FAPESP está no valor de R$ 676,80, mas a bolsa FACEPE é de R$400,00, por exemplo.
Experiência em
monitorar disciplinas e ajudar colegas
Embora não seja necessário ter uma iniciação
científica na disciplina para se candidatar ou ser monitor de uma disciplina na
graduação, a partir do momento que o aluno apresenta um bom rendimento,
conhecimento e experiência em uma área, isso pode facilitar que ele tenha
outras experiências acadêmicas.
Os processos seletivos, abertura das chamadas
e se há ou não disponibilidade de bolsa para monitorar uma disciplina varia de
cada instituição, por isso que é necessário verificar as possibilidades dentro
de faculdade onde está matriculado.
Lembre-se que em caso de realizar monitoria
com bolsa, provavelmente haverá conflito se já estiver recebendo uma bolsa de
fomento por outro projeto ou atividade, seja de extensão ou pesquisa.
Para ilustrar melhor como funcionam os
programas de monitorias, usarei como exemplo o Programa de Apoio Didático (PAD)
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), voltado apenas para alunos de
graduação regularmente matriculados na instituição.
Nesse programa, o aluno ajuda o professor no
planejamento das aulas, correção de exercícios, gestão de ambiente e recursos
de ensino, além de auxiliar alunos dentro de salas de aula ou laboratórios ou
em atendimentos extra-classe.
Até o fechamento deste post, o valor da bolsa PAD da Unicamp era
de R$522,05 mensais, sendo exigido uma carga mínima com atividades cumpridas de
8 horas semanais; a duração da bolsa é de quatro meses e meio.
Outras universidades mantêm programas
similares, como o PEEG (Programa de Estímulo ao Ensino na Graduação) ou PET
(Programa de Educação Tutorial) da Universidade de São Paulo (USP), então
pesquise diretamente na unidade onde está matriculado para poder aproveitar as
oportunidades.
Esperamos que este texto tenha lhe ajudado a
compreender mais sobre as vantagens em realizar uma iniciação científica. Mas
cuidado para não se sobrecarregar de atividades a ponto de não conseguir
conduzir sua graduação e vida pessoal.
Converse com um professor de sua unidade para
obter mais informações sobre como começar uma iniciação científica e
compartilhe este texto com outros colegas (ou alunos) que acredita estarem em
dúvida.
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