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Regionalização
Mundial – Parte 2 – Novas formas de regionalizar
A Teoria da Regionalização Mundial tem por objetivo identificar grandes
áreas do planeta com características próximas, no que diz respeito à população
e a economia, ou ainda, semelhanças na Formação Sócio-Econômica-Espacial.
A Teoria da
Regionalização Mundial tem por objetivo identificar grandes áreas do planeta
com características próximas, no que diz respeito à população e a economia, ou
ainda, semelhanças na Formação Sócio-Econômica-Espacial. Nesta aula não será
abordada a tradicional divisão do planeta em continentes, ou seja a
regionalização a partir de critérios naturais.
As Ciências
Sociais buscam criar uma metodologia apropriada para lidar com a enorme
diversidade e também para compreender as diferentes realidades encontradas no
planeta. Para compreender um texto, em especial um Clássico, deve-se
inicialmente analisar o momento histórico a que ele se refere e/ou foi escrito;
só a partir daí seus conceitos podem ser interpretados.
Esta observação
sobre diferentes metodologias e conceitos ao longo da história é de grande
utilidade em todas as aulas, a principiar pelas diferentes formas de
regionalização propostas até a atualidade. Não se pode esquecer que com o
decorrer da história, novas metodologias surgem e novos conceitos são lançados
para diagnosticar com maior propriedade a dinâmica realidade das sociedades.
Países Desenvolvidos e Subdesenvolvidos
O economista Joseph Alois Schumpeter (1883-1950) foi um
dos precursores desta proposta de regionalização. Ele propôs o conceito de
desenvolvimento econômico condicionado às idéias de inovação tecnológica e da
ruptura do “fluxo circular”. Schumpeter privilegiou a atuação do empreendedor,
do inovador na superação da condição de pobreza, da precariedade. Assim
estabeleceu a divisão do mundo entre aqueles que se desenvolveram e os que
supostamente poderiam se desenvolver.
Entre as
diversas escolas do pensamento econômico se destacam as seguintes idéias:
· Liberalismo - o subdesenvolvimento é sinônimo de
estagnação econômica.
· Neoliberalismo - criou os rótulos “países em
desenvolvimento” e “países emergentes”, e posicionou os antigos
“subdesenvolvidos” dentro de uma fase do desenvolvimento.
· Estruturalismo - estabeleceu que, além das razões
econômicas, o subdesenvolvimento era resultante da fragilidade das instituições
próprias de cada Estado.
· Keynesianismo - determinou o subdesenvolvimento como
fruto da ausência de um Estado forte, capaz de impor medidas reguladoras,
subsídios e protecionismo alfandegário.
· Teoria da Dependência - argumentou que o
subdesenvolvimento é resultado de trocas internacionais desiguais e não da
ausência do desenvolvimento, portanto, é produto do desenvolvimento desigual de
outros países.
·
Países Centrais e Periféricos
Rosa Luxemburgo (1870-1919), filósofa marxista e
militante revolucionária cuja bandeira era “Socialismo ou barbárie”, foi grande
defensora desta proposta de regionalização. No sistema capitalista, segundo
esta concepção, os países centrais e os países periféricos travam um conflito
desigual, no qual não há espaço para que os menos abastados alcancem qualquer
forma de progresso, seja social ou econômico.
Cada país
ocupa um espaço e desempenha seu papel no mundo capitalista, assim a periferia
jamais chegará ao centro. No início do século XX, esta visão de mundo foi
adotada por inúmeros movimentos revolucionários, depois esquecida por algumas
décadas. Na atualidade voltou a ganhar espaço nos meios acadêmicos. Em 1949, o
economista argentino Raul Prebish apresentou a tese O Desenvolvimento Econômico
da América Latina e seus Principais Problemas. Nesta obra, a difusão do
progresso técnico e a distribuição dos seus ganhos na economia mundial
aconteciam de forma desigual. No centro, a difusão do progresso técnico teria sido
mais rápida e homogênea, enquanto na periferia, o progresso só atingiria
setores ligados à exportação em direção ao centro.
A CEPAL
(Comissão Econômica para a América Latina e Caribe da Organização das Nações
Unidas), criada também em 1949, adotou esta linha em seus estudos. PRIMEIRO,
SEGUNDO E TERCEIRO MUNDOS Em 1952, o demógrafo francês Alfred Sauvy
(1898-1990), cunhou a expressão “Terceiro Mundo” para classificar as novas
nações da Ásia e da África que surgiam durante o processo de descolonização, após
a Segunda Guerra Mundial (1939- 1945).
Sauvy notou
semelhanças entre as aspirações dessas nações com as do “terceiro estado” antes
da Revolução Francesa. Em 1789, o “terceiro estado” representava 95% da
população, porém somente o primeiro e segundo estados (clero e nobreza) tinham
real representatividade política, privilégios jurídicos e fiscais, o “terceiro
estado” arcava com a carga tributária. Na sua concepção, os países que se
opunham às metrópoles imperialistas formavam o “Terceiro Mundo”, isto é, um
bloco de países capitalistas jovens, desprovidos de capital e crédito, entre
outras formas de precariedade. O “Segundo Mundo” era constituído pelos países
socialistas, o “Primeiro Mundo” pelos países capitalistas dominantes.
Em 1955, na
primeira Conferência entre os países “Não Alinhados”, realizada em Bandung, na
Indonésia, esta proposta de regionalização ganhou espaço na mídia e se
popularizou nos anos da Guerra Fria. De forma equivocada esta proposta de 2
regionalização ainda é utilizada, mesmo não existindo países socialistas
(Segundo Mundo), pelo menos em sua concepção original. Nos seus últimos anos de
vida, Sauvy declarou que tal denominação deveria ser abolida. Para ele, o
“Terceiro Mundo” deveria ser um bloco politicamente oposto ao “Primeiro Mundo”
e não somente um agrupamento de países de grande precariedade econômica. Além
disso, os países designados como “Terceiro Mundo” não poderiam servir ao
interesses dos países dominantes.
Países do Norte e do Sul
Diferente das demais propostas de regionalização, esta
não apresenta um autor precursor, mas cabe destacar o presidente dos Estados
Unidos, Bill Clinton, como um dos responsáveis pela popularização dessa
representação. Após décadas de Guerra Fria, o enfrentamento ideológico entre
Socialismo e Capitalismo (Leste x Oeste) perdeu espaço para a disputa econômica
entre Ricos e Pobres (Norte x Sul). A idéia ganhou força no início da década de
1990, a partir da dissolução da União Soviética, principal representante do
“Segundo Mundo”.
Com relação a
essas representações, deve ficar claro que são simplificações arbitrárias,
convenientes para a maior parte da mídia e para os Estados que as endossam. Em
nenhum momento o Leste foi totalmente Socialista nem o Oeste plenamente
Capitalista. A divisão entre Norte e Sul também é uma representação simbólica,
que desrespeita a Linha do Equador. A desigualdade entre Norte e Sul já
existia, mas não se evidenciou após a Segunda Guerra Mundial devido ao
predomínio da Guerra Fria.
Questões para reflexão:
1) De Acordo com as informações acima, o que
seria a teoria estruturalista?
2) Mediante ao texto acima, aponte quais são
principais características dos países do Norte e Sul econômico.
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