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As invasões holandesas no Brasil ocorreram quando os holandeses ocuparam territórios no Nordeste brasileiro no século XVII. Essa invasão estava diretamente relacionada com as questões diplomáticas envolvendo Portugal, Espanha e a própria Holanda naquele período. Os holandeses procuraram construir sua própria colônia na América ao se apropriar de uma das principais praças produtoras de açúcar da América Portuguesa.
Os holandeses permaneceram no Brasil de 1630 a 1654, e sua presença aqui ficou profundamente marcada pela administração de Maurício de Nassau, militar alemão enviado pela Companhia das Índias Ocidentais para governar a colônia holandesa. A expulsão dos holandeses aconteceu por meio da mobilização popular contra os holandeses motivada pela Guerra de Restauração, que teve início em 1640.
Por que os holandeses invadiram o Brasil?
A invasão do Nordeste brasileiro pelos holandeses resultou diretamente das relações diplomáticas entre Portugal, Espanha e Holanda no final do século XVI. Até 1580, a Holanda tinha um envolvimento direto com o negócio do açúcar produzido no Brasil, pois foram eles que financiaram o desenvolvimento do negócio aqui e eles também participavam do refino e da comercialização do açúcar na Europa.
A atividade açucareira rendeu bastante lucro para Portugal e Holanda. No entanto, essa situação sofreu profundas modificações com a crise da dinastia de Avis em Portugal, no final do século XVI. Essa crise de sucessão deflagrou-se quando d. Henrique, rei de Portugal, morreu e não deixou herdeiros diretos.
Assim sendo, uma disputa aconteceu e resultou na coroação de Filipe II, da Espanha, como rei de Portugal. Como desdobramento, as coroas de Espanha e Portugal foram unificadas sob o domínio do mesmo rei. Isso ficou conhecido como União Ibérica e representava, naturalmente, que mudanças drásticas aconteceriam nas relações diplomáticas entre Holanda e Portugal, pois a Holanda estava em guerra contra a Espanha desde 1568.
Essa guerra entre Espanha e Holanda tinha relação com a luta dos holandeses por sua independência (até 1581, a Holanda estava sob o domínio dos Habsburgo, a dinastia que reinava na Espanha). Por conta desse contexto, os inimigos da Espanha tornaram-se os inimigos de Portugal, já que os dois países passaram a ser governados pelo mesmo rei.
Assim, os holandeses acabaram sendo excluídos do negócio do açúcar e isso resultou em uma ação dos holandeses contra Portugal. Em 1595, os holandeses saquearam portos portugueses no continente africano e, em 1604, atacaram a cidade de Salvador, na Bahia, mas o ataque dos holandeses acabou fracassando. Depois disso, os holandeses permaneceram em trégua com os espanhóis até 1621.
Invasão do Nordeste
A trégua da Holanda com a Espanha encerrou-se em 1621 e, no mesmo ano, a Companhia das Índias Ocidentais (West-Indische Compagnie, em holandês) foi fundada. Esses acontecimentos fizeram com que a guerra fosse retomada. A WIC (sigla da companhia no holandês) tinha como objetivo tomar o controle dos locais produtores de açúcar de Portugal, bem como dos postos de comércios de escravos na África.
Em 1624, veio o primeiro grande ataque dos holandeses contra a capital do Brasil, a cidade de Salvador, e eles a conquistaram após 24 horas de batalha. O domínio dos holandeses concentrou-se nos limites da cidade, uma vez que a resistência dos colonos e dos portugueses não permitiu que os holandeses se expandissem pelo Recôncavo Baiano.
Depois de um ano, a resistência portuguesa conseguiu expulsar os holandeses de Salvador. Isso foi possível, em grande parte, graças à chegada de aproximadamente 12 mil homens para lutar contra os holandeses. Depois de expulsos, em 1625, os holandeses retornaram dois anos depois, em 1627, para saquear a capital do Brasil.
Invasão de Pernambuco
Depois de terem sido expulsos de Salvador, os holandeses voltaram-se contra Pernambuco, outra capitania brasileira que prosperava com a produção de açúcar. Em 1630, uma expedição holandesa formada por 65 embarcações e 7280 homens atacou Olinda|1|. Com essa força, os holandeses conseguiram conquistar Olinda em 14 de fevereiro de 1630.
Entre 1630 e 1637, os holandeses estenderam o seu domínio pelo Nordeste brasileiro e conquistaram regiões como a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Para isso, contaram com a preciosa ajuda de um colono chamado Domingo Fernandes Calabar. O conhecimento que ele tinha da terra foi crucial para o sucesso dos holandeses.
A partir de 1637, foi enviado pela WIC o alemão Maurício de Nassau para administrar a colônia holandesa. Ele era um militar e foi indicado para assumir o cargo e aqui permaneceu até 1643. A administração de Nassau foi um momento importante para o estabelecimento dos holandeses no Brasil.
Maurício de Nassau realizou inúmeras ações para o desenvolvimento da colônia. Ele procurou recuperar a economia açucareira de Pernambuco ao vender engenhos que tinham sido abandonados durante a guerra entre portugueses e holandeses e procurou estabelecer algumas normas para a melhoria da vida, como a obrigatoriedade de se plantar mandioca, proibição de se jogar lixo nas ruas, entre outras medidas.
Maurício de Nassau também incentivou a vinda de cientistas e artistas para o Brasil. Os cientistas promoveram uma série de estudos sobre a fauna e a flora locais, assim como estudaram doenças tropicais que atingiam a população. Os artistas, por sua vez, retrataram o modo de vida local, alguns retratando paisagens do cotidiano, enquanto outros retratavam indígenas e escravos que habitavam a região.
A partir da década de 1640, a WIC entrou em processo de falência, e Maurício de Nassau acabou entrando em conflito com a administração da WIC. Em 1643, Nassau recebeu ordens de retornar para a Holanda. A partir daí, a colônia holandesa no Brasil só entrou em decadência.
Acesse também: O quilombo que cresceu durante a disputa travada entre holandeses e portugueses
Decadência da colônia holandesa
A decadência da colônia holandesa pode ser explicada por alguns fatores. Primeiramente, houve a falência da Companhia das Índias Ocidentais, o que acabou prejudicando severamente o empreendimento, uma vez que eles eram os responsáveis. Nessa questão, podemos destacar também a demissão de Maurício de Nassau de sua função de governador-geral da colônia.
Os problemas econômicos da WIC acabaram fazendo com que ela não investisse o necessário para garantir a segurança de sua colônia. Isso foi um erro muito grande, porque desde a Restauração de Portugal, em 1640, os rumores de que os portugueses se lançariam em uma guerra contra os holandeses por Pernambuco só aumentavam.
A Restauração de Portugal ocorreu quando Portugal readquiriu sua independência, e seu trono passou a ser ocupado por d. João IV, inaugurando a dinastia dos Bragança. Com esse acontecimento, os portugueses deram início a esforços para recuperar sua colônia e passaram a incentivar os colonos para que os holandeses fossem expulsos do Nordeste.
A guerra entre holandeses e portugueses estourou a partir de 1645 e estendeu-se até 1654. Esse período de batalhas ficou conhecido como Guerras Brasílicas e contou com lideranças locais importantes na luta contra os holandeses, tais como André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira. A mobilização contra os holandeses teve a participação de donos de engenhos, negros e indígenas.
Os holandeses enfraqueceram-se consideravelmente com as duas derrotas sofridas na Batalha de Guararapes, em 1648 e 1649. Os recursos holandeses, que já eram escassos, diminuíram mais ainda a partir de 1652, quando Holanda e Inglaterra entraram em guerra. Nesse cenário, ficou impossível manter a colônia no Nordeste.
Por fim, em 1654, uma esquadra portuguesa cercou Recife e acabou retomando a região depois de 24 anos de domínio dos holandeses. A reconquista de territórios pelos portugueses também aconteceu na África, com a expulsão dos holandeses de regiões que eles haviam tomado dos portugueses na década de 1630.
Muito bom o conteúdo!
ResponderExcluirValeu meu amigo! Estamos juntos!
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